quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Grécia – O surgimento da democracia (ou "A democracia é filha do conflito")

 
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas:
Sofrem pros seus maridos,
Poder e força de Atenas.
.
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados;
Mil quarentenas.
E quando eles voltam, sedentos,
Querem arrancar, violentos,
Carícias plenas, obscenas.

 Mulheres de Atenas (Chico Buarque)
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Para compreendermos as condições de surgimento da democracia, na Grécia Antiga, é necessário retrocederemos ao período em que viveu o político ateniense Clístenes (565-492 a.C.), no séc. VI a.C. Ele foi educado para ser um aristocrata, membro da classe que controlava tudo que acontecia na sua cidade.

Atenas se localizava próximo ao Mediterrâneo e, nessa época, era como uma vila pouco próspera. A cidade foi construída na Acrópole (parte superior de uma montanha íngreme), facilitando a defesa dos ataques inimigos.

Nesse momento, ler e escrever eram habilidades raras e a expectativa de vida era, em média, de apenas 15 anos. Atenas não era uma sociedade de iguais. Os atenienses comuns viviam sob o comando dos aristocratas (como o pai de Clístenes), o que promovia conflitos internos. Segundo Aristóteles, era um mundo dividido pela injustiça.

A aristocracia parecia apenas interessada em manter o poder, o que dificultava a prosperidade da cidade. Além do mais, a geografia grega parecia não contribuir com os atenienses, pelo aspecto irregular e montanhoso que possuía.

Ao sul da Grécia ficava o Egito e ao leste a Pérsia, ambos, nessa época, grandes impérios.

A Grécia era dividida em incontáveis pequenas nações, as cidades-estado. Cada uma independente e com sua própria cultura e história. Somente a língua e a crença nos deuses olímpicos eram comuns. A Atenas de Clístenes não era mais importante que qualquer outra cidade-estado.O que impressionava os gregos nesse período foram as suas histórias, contos e mitos. As cidades eram visitadas por centenas de cantadores de versos itinerantes que os recitava para quem os pagasse. Suas histórias inspiravam a todos. Dentre elas, as principais foram a “Ilíada” e a “Odisséia” que narram as façanhas dos heróis, figuras míticas que conquistaram o poder e a glória com o uso da força.

O Herói era tido como alguém que realizava grandes feitos. Quanto mais adversários eliminava e jovens deflorava, maior era o seu status heróico. Era excelente realizador. As suas imagens eram encontradas em toda arte grega, compondo o IDEAL daquele povo, isto é, o modelo que deveria ser seguido.

Em meados do séc. VI, um único homem assume o poder em Atenas. Seu nome é PSÍSTRATO (cunhado de Clistenes). Este tirano era um excelente político. Para conseguir aliados e resistir à aristocracia reduziu impostos e ofereceu empréstimo de graça aos gregos comuns, fomentando a vida agrária da cidade. Com isso os atenienses prosperaram com o cultivo de vinhas e oliveiras e passaram a exportar o óleo de oliva não somente para o mundo grego, mas para o Egito, Fenícia, Pérsia e Assíria.

A localização geográfica de Atenas favorecia o comércio. Com isso a cidade conheceu a prosperidade econômica.

Clístenes chegou à idade adulta sob o governo de Psístrato e sua cidade tinha se transformado, de um povoado modesto, em uma potência internacional.

Em 527 a.C., Psístrato morreu e seu filho HÍPIAS assumiu o poder. No início ele seguiu os passos do pai governando de forma justa Atenas, mas em 514 a.C. o seu comportamento mudou quando o seu irmão foi assassinado. Hípias determinou a execução dos acusados e de suas esposas, bem como o banimento da cidade de vários cidadãos.

Sentindo que o ambiente era propício, Clístenes organizou uma conspiração e depôs Hípias, banindo-o de Atenas por volta de 510 a.C.

Mas a compulsão heróica que moveu clístenses já não pertencia apenas à aristocracia, mas a todos os atenienses. Os jogos olímpicos, nessa época, admitiam que os gregos de qualquer origem competissem e obtivessem, mesmo que momentaneamente, a GLÓRIA, que era o propósito maior dessa cultura competitiva. Os jogos eram uma forma civilizada de satisfazer ao ideal do herói que subjazia no imaginário daquele povo.

E foi nesse ambiente instável, de conflito interno, que o aristocrata ISÁGORAS deu um passo sem precedentes. Pediu apoio aos espartanos, com quem tinha certa relação, para ascender ao poder em Atenas. Dessa forma ele deu um golpe, conquistou o poder e baniu Clístenes da cidade.

Mas, um acontecimento extraordinário aconteceu naquele momento em Atenas. No ano 508 a.C., como os heróis lendários, o povo ateniense tomou o destino em suas mãos e fez uma revolução contra Iságoras e seus aliados espartanos. Com uma fúria sem precedentes atacaram os seus adversários e os dominaram.

Pela primeira vez na história as pessoas se voltaram contra os seus governantes e tomaram o poder para si mesmas.

Sem liderança organizada, Clístenes foi chamado do exílio para organizar um governo. Ao retornar à Atenas ele percebeu que não existia ambiente para colocar um governo de aristocratas no poder, nem se declarar tirano, logo teve a sensibilidade de criar uma solução revolucionária para aquele momento político novo: O GOVERNO DEMOCRÁTICO.

Clístenes instituiu o voto simples para decidir as questões da cidade: uma pedra branca para o “sim”; e uma pedra preta para o “não”.

A partir daquele momento todas as questões passaram a ser decidida na Ágora (praça pública). Do preço do figo à declaração de guerra. Assim os gregos, mesmo os que não eram aristocratas, tornaram-se heróis na política.

5 comentários:

  1. Forma muito interessante de iniciar a temática da Democracia. Parabéns pelo post!

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  2. A criação de Blog, é mais um passo da RENAJ na defusão das suas informações, das associações de base nela filiada, e das outras organizações e pessoas singulares.

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  3. não entendi,tenho que colocar isso de uma forma interessante,de uma forma que meu Professor entenda

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