quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os Pré-Socráticos (ou "Os filósofos da natureza")


Quando aparecem, na Grécia antiga, por volta do século VI a.C., os primeiros filósofos de que se tem notícia, preponderava o mito como forma de conhecimento. Tudo era explicado a partir da ação de forças extraordinárias e sobre-humanas. A vontade de um deus, por ação ou omissão, era concebida como CAUSA dos acontecimentos do mundo natural.

Apesar de os relatos míticos constituírem uma COSMOGONIA, ou seja, uma explicação sobre a origem dos fenômenos naturais pela ação de forças superiores e mágicas, ele já possuía em sua estrutura interna elementos racionais, com os quais a filosofia nascente iria trabalhar. Essas histórias tratavam, dentre outras coisas, de questões sobre a origem e destino de tudo o que existia, pressupondo relações de CAUSA e EFEITO, todavia não explicavam os fenômenos em termos universais, mas como nascimento de algo específico, numa relação de pai para filho. Mesmo assim, essa forma de abordar a realidade evidenciava que “há algo de razão no mito, como há algo de mítico na razão”.

Mas os gregos não pensavam a NATUREZA como os modernos, ou seja, como algo organizado, que se comporta com certa regularidade e que é regido por leis. Eles pensavam em PHYSIS, enquanto semente, aquilo que brota por si mesmo.

Os filósofos Pré-Socráticos não acreditavam na CRIAÇÃO do cosmo. Para eles, existiria um elemento eterno (arché) que seria uma espécie de princípio ou fundamento de tudo o que existe. Ante a diversidade e multiplicidade do cosmo, subsistiria algo que funcionaria como regra do mundo, ou seja, que ditasse o comportamento da natureza de forma constante. Apesar de o conteúdo de suas idéias já terem sido, de certa forma, superados, a validade de suas especulações reside, principalmente, no ROMPIMENTO COM A EXPLICAÇÃO DIVINA DO COSMO ao procurarem, cada um a seu modo, explicar os fenômenos naturais usando a observação e a lógica.

Ocorre que subsistem apenas fragmentos do pensamento desses filósofos, preponderando o que chamamos de TRADIÇÃO DOXOGRÁFICA, isto é, aquilo que outros filósofos e historiadores disseram sobre eles. Dessa forma o pensamento dos Pré-Socráticos chegou até nós.

Sobre o pensamento filosófico de alguns Pré-Socáticos:

1 - Tales de Mileto: Para Tales o princípio, “arché”, de todas as coisas era a ÁGUA, na medida em que tudo no mundo natural funcionaria como a água. As coisas mudam de estado como a água muda. Possivelmente este filósofo inferiu esse princípio pela observação dos fenômenos naturais. Deve ter percebido que o quente vive com o úmido, as coisas mortas ressecam, as sementes de todas as coisas são úmidas e o alimento é suculento. Onde há água, há vida. Mas não devemos considerar que Tales concebia a ÁGUA como um elemento químico, mas alquímico e simbólico, como, aliás, era a característica da arché de todos os Pré-Socráticos.

2 – Anaxímenes de Mileto: A arché era o “AR”, com os seus atributos. A infinitude e o movimento incessante do AR seriam o fato gerador da multiplicidade das coisas e se daria por meio da rarefação e condensação. Por condensação o AR se transformaria em água, depois em terra, e em elementos cada vez mais sólidos da natureza. Por rarefação, em fogo.

3 - Anaximandro de Mileto: Pesava na arché como um elemento menos determinado que a água ou o ar. Por isso o chamou simplesmente de INDETERMINADO ou ÁPEIRON. O Apeíron não é uma coisa concreta, algo tangível, mas etéreo. É a superação dos opostos e da individualidade. O grande mérito deste filósofo foi desenvolver um processo de abstração, ou seja, pensou num princípio da physis que não estivesse visivelmente presente no mundo sensível.

4 – Pitágoras de Samos: A essência do universo era numérica, a UNIDADE ou o elemento unitário (números inteiros). O único número que existe é o UM, pois ele engloba tudo o que integra o cosmo. Todos os outros números são ilusórios, na medida em que as coisas existem enquanto unidade. O universo, portanto, estaria em perfeita harmonia e as relações numéricas seriam capazes de desvendá-lo. Pitágoras contribui para a espiritualização da filosofia, na medida em que a arché não é mais concebida como um elemento tangível.

5 – Parmênides de Eléia – Filósofo que rompeu com a visão do senso comum ao lançar as bases da metafísica (o que vem depois da física). Ele afirmou que "O SER É E O NÃO-SER NÃO É”, ou seja, uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Logo, este filósofo nega o movimento e a transformação do mundo. Ele identifica as coisas que existem com o pensamento, negando o que é apreendido pelos sentidos. O espaço e o tempo não existem, só a unidade existe. O movimento é uma ilusão, gerada pelo avanço da luz (consciência) sobre a sombra (desconhecido).

6 – Zenão de Eléia – Foi discípulo de Parmênides. Para confirmar as teorias do mestre elabora APORIAS (caminhos sem saída, paradoxos, impasses) para demonstrar que o movimento não existe. A mais conhecida é a aporia da corrida de Aquiles contra uma tartaruga. Ele diz que onde quer que um esteja com relação ao outro, jamais um superará o outro, posto que para percorrer determinada distância, terá antes de percorrer a metade do percurso, depois ¼, 1/16 e assim por diante até o infinito. Como o espaço entre um ponto e outro possui infinitas subdivisões, é impossível que o movimento exista. Dessa forma, ele acredita ter demonstrado que o movimento é uma ilusão.

7 – Heráclito de Éfeso – Defende o entendimento de que a única realidade possível é o MOVIMENTO do mundo material. O movimento é a lei, a regra, que rege tudo que ocorre no mundo dos sentidos. Ele pensa no FOGO como elemento primordial, pois o considera como elemento sutil capaz de fazer com que as coisas se movimentem. A guerra (conflito dos opostos) é pai de todas as coisas. O universo é a superação inteligente dos conflitos, é harmonia. Dizia: “os que velam (estão despertos) percebem a unidade, os que dormem voltam para a separatividade.

8 – Empédocles de Agrigento – O princípio seria composto por 4 elementos: água, ar, terra, fogo. Nenhum deles seria mais importante que os demais. Cada coisa seria definida de acordo com a proporção em que cada um dos quatro estivesse presente em sua composição. Dizia não pretender alcançar a verdade absoluta, mas a que fosse proporcional à dimensão humana. Buscou a conciliação entre os sentidos e a razão. Sob essa ótica, o universo seria o resultado da mistura dos diferentes elementos em quantidades diferentes. A reunião e a separação se dariam através do amor e do ódio, forças em ação no movimento cósmico formador de tudo o que existe. O amor agiria na reunião e harmonização dos elementos, e o ódio os colocaria em desacordo, e esse processo seria interminável, ora predominando uma força, ora outra.

9 comentários:

  1. nuss um blog tao cheio de informaçoes desses e niguem qr deixar comentario ;/ tah aíí o meu ! Adoreii' o blog .. inclusive foi o unico qe me ajudou na minha revisao pra prova de amanha rsrs'.. parabens pra o dono deste blog pois filosofia pra mim er um tedio.. fico feliz qe vc goste bjook's e ôô pessoal dexa comentario ae ..

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  2. obrigado! me ajudou muito.. compartilhando no facebook! o/

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  3. o blog filosofico mais completo, parabéns! me ajudou muito no trabalho de escola, beijos.

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  4. estudei isso hoje na aula e corri para pesquisar... entender melhor hehe'.. muito bem explicado.

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  5. Muito bom o site! Tem todas as informaçoes que eu preciso. Alguns sites estão incompletos. Parabens

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  6. MUITO BOM MESMO MIM AJUDOU MUITO NA PESQUISA VCS ESTÃO DE PARABÉNS

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  7. mto bom adorei as informaçoes

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  8. Meu prof (dono deste blog) é o cara mesmo <3
    amo você prof Wolgrand <3 :)

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