Quando penso em ti,
Estou pensando em mim também.
Porque o belo e o feio, o justo e o injusto,
O bem e o mal, o sagrado e o profano
Não pertencem às coisas mesmas, mas a quem as contempla.
O meu amor não se realiza no outro,
Nem possui validade universal, como as proposições racionais.
Ele começa e acaba no mesmo lugar - no ser amante.
Posso até dizer que amo as pessoas belas,
As ações justas, os pensamentos lógicos,
Mas, ao dizer isso, nada digo sobre o objeto amado,
Porque não amamos pelo ou para o outro,
Mas para nós mesmos.
E ainda que as minhas carências sejam a causa de tudo,
E, eventualmente, gravitem em torno de ti,
Levando-me a pensar que és a causa desse inusitado sentimento,
Quando penso no meu amor não vejo um objeto específico,
Mesmo que a sua realização pressuponha a existência de outro ser.
Por isso não penso em ti como algo necessário,
Mas como o que permite que o amor brote em mim,
Enquanto simples ato de amar
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