segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"Oswald de Souza" na PM do Pará (Ou: "É sempre verdadeiro o que não pode ser refutado")*

* Texto elaborado em outubro de 2008.
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Na segunda feira, 12 de outubro de 2008, os jornais locais anunciaram que, segundo cálculos da Polícia Militar, participaram da romaria do Círio de Nossa Senhora de Nazaré mais de 2 (dois) milhões de pessoas. Achei maravilhoso, mas não pude deixar de perguntar “aos meus botões” como a PM conseguiu aferir esse fabuloso número de romeiros. Qual método foi utilizado para realizar esse cálculo? Quem realizou essa proeza matemática? Teria sido o Comandante Geral da PM, o Chefe do Estado Maior, o Comandante da Operação ou um soldado qualquer que, não tendo o que fazer, pôs-se, de prancheta e tudo, a contar um a um os participantes do evento?

Como contar é coisa pra subordinado – comandante tem mais o que fazer – penso que essa nobre tarefa, como tudo que ocorre na PM, foi atribuída a um policial de hierarquia menor, que, tendo cursado com louvor o Ensino Médio, estaria habilitado a tal propósito, afinal, na caserna, prepondera o “incontestável” princípio da competência administrativa: “NÃO PERGUNTE DO QUE SOU CAPAZ, DÊ-ME A MISSÃO”.

Assim, alguém teve de contar o número de romeiros. Mas – se, de fato, contou – não deve ter sido tarefa fácil, pois tinha gente “escondida” nos mais insólitos lugares no trajeto da Santa. Contabilizar todo esse pessoal deve ser mais complicado que “procurar um gato preto num quarto escuro, que não está lá". Mas, por outro lado, produzir um conhecimento com método desconhecido e resultado insondável é mais fácil que comer mamão com açúcar, visto que o resultado desse trabalho jamais correrá o risco de ser contestado, por absoluta impossibilidade de refutação.

Esse episódio matemático me fez lembrar de uma história que ouvi na caserna. Não sei se é verdadeira ou produto de alguma mente “maquiavélica”, que aos montes proliferam na PM. Certa vez o Comandante do Policiamento da Capital - CPC perguntou a um oficial - que comandava uma guarnição que fazia a segurança de um grupo de manifestantes - quantas pessoas faziam parte do evento. Sem pestanejar, o oficial respondeu: “algo em torno de 50 (Cinqüenta) a 3000(três mil) manifestantes”. Depois desse dia, nunca mais duvidei da capacidade dos meus colegas de farda em realizar um cálculo matemático, sem deixar nada a desejar para matemáticos como Oswald de Souza e cia.

P.S – Na “festa da vitória” do prefeito Duciomar Costa, dia 26.10.08, na Av. João Paulo II, mais um PM matemático estimou - com precisão invejável - a concentração de cerca de 100.000 (cem mil) pessoas naquele local. ("O Liberal" de 27.10.80, caderno Poder, pág. 1).
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Moral da História: A PM pode não policiar bem a cidade, mas, até hoje, ninguém reclamou de qualquer cálculo matemático feito pela corporação.

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